Matéria assinada por mim, publicada na edição deste domingo
do jornal Diario de Pernambuco, caderno Super Esportes.
A milionária fábrica de negócios do Porto. Clube português dá
lição de gestão esportiva em plena crise econômica no Velho Continente.
Na semana passada, o Porto (Portugal) anunciou aquela que foi
a maior transferência do mercado europeu de 2012 e a sexta maior negociação de
um jogador na história do futebol. O atacante da Seleção Brasileira, Givanildo Vieira
de Souza, mais conhecido como Hulk, foi vendido pelos portugueses ao Zenit
(Rússia) por estratosféricos 60 milhões de euros. A negociação pegou o próprio
jogador de surpresa, que já não esperava sair do Porto em 2012/13, principalmente
após o fechamento do mercado para os principais campeonatos da Europa (que
ocorrera no dia 31 de agosto). Mas o mercado russo tem prazos diferentes da
Europa Ocidental e no dia 03 de setembro o negócio entre Porto e Zenit ficou
acertado.
Hulk foi a maior venda não só da história do Porto, como
também do mercado do futebol português. Porém, a transferência do atacante da
Seleção Brasileira não foi uma novidade na realidade do Porto, clube mais bem
sucedido no futebol lusitano nas últimas três décadas. E o sucesso portista não
é apenas desportivo, em que ganhou 19 dos últimos 30 campeonatos nacionais,
além de dois Mundiais, duas Ligas dos Campeões e duas Ligas Europas. Os Dragões
também são muito bem sucedidos no mercado de transferências.
Levando em consideração apenas as negociações ocorridas nos
últimos dez anos, o clube portuense já faturou espantosos 508 milhões de Euros
em vendas de jogadores. A primeira grande venda foi a do zagueiro Jorge Andrade
para o La Coruña (Espanha). O Porto negociou o atleta em 2002 por 13 milhões de
Euros. Daí em diante, foram diversas vendas milionárias, 11 delas acima dos 20
milhões.
Mais do que os altos valores pelos quais negocia os seus
atletas, o Porto se notabiliza pelo fato de, em regra, não gastar muito
dinheiro quando vai às compras, o que lhe rendeu um enorme lucro nos últimos
anos. As 15 maiores vendas do clube (ocorridas a partir da conquista da Liga
dos Campeões de 2003/04) renderam 394 milhões de Euros brutos aos cofres do
clube. Descontados os valores gastos nas contratações destes mesmos 15 atletas
(56,1 milhões), o Porto teve um lucro final de 337,9 milhões de euros.
A venda de Hulk chama a atenção pelos valores (60 milhões) e
por ser a mais recente. Mas vale lembrar, por exemplo, que o Porto contratou o
colombiano Falcao ao River Plate por 5 milhões de euros e, dois anos depois,
vendeu o atacante para o Atlético de Madrid por 40 milhões (mais sete milhões
por objetivos). O meio-campo Deco, atualmente no Fluminense, foi contratado por
100 mil euros ao Salgueiros (da cidade do Porto). Cinco anos depois, o astro da
conquista da Liga dos Campeões 2003/04 foi vendido ao Barcelona por 21 milhões.
Com a saída de Deco, o Barcelona incluiu Ricardo Quaresma no negócio. O português
foi avaliado em 6 milhões. Posteriormente, o Porto vendeu o atacante à Inter de
Milão por 25 milhões.
O caso mais emblemático de valorização de um jogador portista
é o do lateral esquerdo francês Aly Cissokho. O defensor foi contratado em
janeiro de 2009 junto ao Vitória de Setúbal por 300 mil euros. Seis meses
depois, em julho de 2009 o Lyon (França) pagou 15 milhões de euros para contar
com os serviços do lateral francês. Ou seja, em seis meses, o Porto valorizou o
jogador 50 vezes.
Confira o quadro com as 15 maiores transferências do Porto (clique na imagem para ampliá-la).