Esta noite o Atlético-MG joga a
partida mais importante de sua história. 90 minutos separam o Galo da glória ou
da decepção. Usei como inspiração o meu saudoso avô, Waldimir Maia Leite,
no texto que escrevi sobre a busca implacável do Atlético-MG pelo inédito
título da Copa Libertadores. Para o adiante, Clube Atlético Mineiro.
“Para o adiante, o inevitável prosseguir, pleno de incertezas”,
lembrando as palavras do poeta pernambucano Waldimir Maia Leite, o Atlético-MG
se encontra diante de seu momento de incertezas, em que é inevitável não
prosseguir para o adiante. De sua própria história. Até aqui, 13 jogos. 1170
minutos de bola rolando. Uma emocionante decisão por pênaltis e uma defesa
histórica do goleiro Victor pelo meio desses passos que já foram dados. Às
21h50 desta quarta-feira, quando pisarem o gramado do reformulado Mineirão, os
jogadores do Galo estarão a um passo da história. 90 minutos. Lapso temporal
que há de ser sentido como o sentir de uma vida inteira. É o tempo que separa o
Galo da glória. Ou da decepção. “Para o adiante, extensão de querer ser,
constituir, permanecer. Vão os passos para o adiante”, para cima do Olimpia, o
rei de copas paraguaio. “Para o depois, isto: o ser futuro, nascer. Quanto vale
a eternidade?”. É o que Ronaldinho, Bernard, Jô, Victor e companhia hão de
responder.
O time mineiro, contudo, tem um desfalque de peso. Devido ao regulamento
da competição, o Galo não poderá atuar no alçapão do Independência, espécie de
amuleto da equipe. Para entender a importância da relação do Atlético-MG com o
estádio, basta ver os números. Em 2013, foram 15 jogos no Independência. 13
vitórias e dois empates. Em compensação, no novo Mineirão, palco da grande
decisão, o alvinegro mineiro disputou três partidas este ano. Apenas uma
vitória, contra o Villa Nova. E duas derrotas. Ambas como visitante, por 2 a 1,
para o rival Cruzeiro. Entretanto, os comandados de Cuca se apegam a um outro
dado. A invencibilidade como mandante. Desde novembro de 2011 o Galo não sabe o
que é perder quando manda uma partida. Ao todo, 53 jogos imbatíveis.
Precisando inverter uma desvantagem de 2 a 0, Cuca contará com um reforço significativo. O jovem Bernard, que deverá fazer sua despedida do clube, volta a estar disponível. Após cumprir suspensão na partida de ida - e ter feito muita falta ao time - Bernard retorna para recompor o quarteto ofensivo do Galo com Ronaldinho, Diego Tardelli e Jô. “Em todas as situações da vida tem um lado positivo e negativo. Temos o lado positivo no Independência de nunca ter perdido. E aqui no Mineirão, é o público maior e a pressão maior. Mas eu não vivo de superstição. O que está escrito, vai acontecer e nada vai mudar”, disse. Se está escrito ou não, depende da crença de cada um. Mas uma coisa é certa. Como preconizou o poeta pernambucano, “para a frente todos os aconteceres: sempre para o adiante. Não ficar, desesperadamente sair como quem se despede para nunca mais”. Ou para a eternidade.
Estádio lotado
A expectativa de público é de 60 mil pagantes e a renda pode ultrapassar
os R$ 8 milhões. Dessa forma, seria o maior público do Mineirão depois da
reforma para a Copa do Mundo. Superaria o confronto entre Brasil e Uruguai, que
teve 57.783 pagantes, pela Copa das Confederações.
O rei de copas
Não é por acaso que o Olimpia é chamado no Paraguai de “rei de copas”. O
clube alvinegro já conquistou a maior competição do continente três vezes
(1979, 1990 e 2002). Esta decisão frente ao Atlético-MG é nada menos que a
sétima final de Libertadores do gigante paraguaio, que pode escrever seu nome
no rol de glórias da competição. Está a uma partida de ser o primeiro clube da
história a conquistar o torneio em quatro décadas diferentes. E um trunfo. Seus
três títulos foram obtidos na condição de visitante. Assim como o Olimpia
jogará na noite de hoje.
Ao Galo, resta a expectativa de repetir o que outro Atlético já fez uma vez. Em 1989, o Olimpia venceu o Atlético de Medellín por 2 a 0 na partida de ida. No jogo de volta, na Colômbia, o Atlético bateu os paraguaios, também por 2 a 0. Nos pênaltis, os colombianos foram mais felizes - 5 a 4 - e ficaram com a taça.
Se for campeão, o Olimpia se junta ao Estudiantes (ARG) como o quarto maior conquistador das Américas, deixando para trás o Nacional (URU) e os brasileiros São Paulo e Santos, que têm três títulos.
As finais do Olimpia
1960 - Peñarol campeão
Peñarol 1x0 Olimpia
Olimpia 1x1 Peñarol
1979 - Olimpia campeão
Olimpia 2x0 Boca Juniors
Boca Juniors 0x0 Olimpia
1989 - Atlético de Medellín campeão
Olimpia 2x0 Atlético de Medellín
Atlético de Medellín 2x0 Olimpia (Atlético de Medellín 5x4 nos pênaltis)
1990 - Olimpia campeão
Olimpia 2x0 Barcelona de Guayaquil
Barcelona de Guayaquil 1x1 Olimpia
1991 - Colo-Colo campeão
Olimpia 0x0 Colo-Colo
Colo-Colo 3x0 Olimpia
2002 - Olimpia campeão
Olimpia 0x1 São Caetano
São Caetano 1x2 Olimpia (Olimpia 4x2 nos pênaltis)
Invencibilidade do Atlético-MG como mandante
53
jogos
42
vitórias
11
empates
124
gols marcados
37
gols sofridos
Atlético-MG no novo Mineirão
03/02/2013 Cruzeiro 2x1 Atlético-MG
21/04/2013 Atlético-MG 2x1 Villa Nova
19/05/2013 Cruzeiro 2x1 Atlético-MG
3
jogos
1
vitória
2
derrotas
4
gols marcados
5
gols sofridos
Ficha técnica
Atlético-MG: Victor; Michel (Rosinei), Rafael Marques, Gilberto Silva e Júnior César; Pierre, Josué e Ronaldinho; Bernard, Diego Tardelli e Jô. Técnico: Cuca.
Olimpia: Martín Silva; Julio Manzur, Herminio Miranda e Salustiano Candia; Nelson Benítez, Mazacotte, Eduardo Aranda, Wilson Pittoni e Alejandro Silva; Fredy Bareiro e Juan Manuel Salgueiro. Técnico: Ever Hugo Almeida.
Local: Estádio Mineirão (Belo Horizonte). Hora: 21h50. Árbitro:
Wilmar Roldan (COL). Assistentes: Humberto Clavijo (COL) e Eduardo Ruiz
(COL).