Arte retirada do site ESPN.com.br |
A Fifa definiu nesta
terça-feira (3) os potes para o sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2014,
que será realizado na sexta-feira (6). O pote 1 - o dos cabeças-de-chave - já
estava definido desde o começo de novembro, quando a entidade máxima do futebol
havia confirmado que levaria em conta o seu ranking de seleções do mês de
outubro. Portanto, os sete primeiros colocados mais o país-sede, Brasil (11º na
altura), seria os oito componentes do pote 1. Seleções tradicionais como a
atual vice-campeã mundial Holanda e a tetracampeã Itália ficaram de fora.
Enquanto selecionados menos expressivos como Bélgica, Colômbia e Suíça surgiam
no pote de elite. Tal fato fez com que as recorrentes críticas ao ranking da
Fifa se intensificassem. Mas, afinal, como funciona esse ranking e quais são os
seus critérios?
Primeiro, é preciso
esclarecer que a Fifa leva em consideração para o ranking um período que
corresponde ao ciclo da Copa do Mundo, que acontece a cada quatro anos.
Portanto, somente os resultados dos últimos quatro anos são considerados, com
ênfase na pontuação adquirida no último ano. Se uma seleção vence ou empata um
jogo, somará pontos. Se perde, logicamente, ganha nada e vê sua pontuação média
cair ainda mais.
A Fifa, entretanto,
adota critérios para que uma vitória sobre a Zâmbia tenha menos peso do que uma
vitória sobre a campeã do Mundo, Espanha. A pontuação varia de acordo com o
adversário e a que continente pertence, se se trata de um amistoso, jogo de
Eliminatórias (para a Copa do Mundo ou torneio continental), Copa das
Confederações ou Copa continental e, por fima, Copa do Mundo.
O líder do ranking,
por exemplo, vale 200 pontos e a pontuação vai baixando ponto a ponto até o
150º em diante, que valem todos 50 pontos. Da mesma forma, uma selelção da
Europa ou América do Sul valem mais (2,5) e, logicamente, partida de Copa do
Mundo é mais valorizada (4), enquanto amistoso tem apenas peso 1. Vitória tem
peso 3 e empate peso 1.
Por essa razão,
disputar amistosos contra Zâmbia, Bolivia, Chile, Austrália e Honduras - como o
Brasil fez em 2013 -, ao mesmo tempo em que não disputou as Eliminatórias por
ser país-sede, contribuíram diretamente para a má posição da Seleção Brasileira
no ranking. Mas não é apenas o caso do Brasil. Vejamos como funciona o cálculo
e mostraremos como seleções tradicionais poderiam ser cabeças-de-chave, bastava
não terem disputado certos amistosos.
Cálculo: P = R x I x S x C
P:
pontuação no ranking
R:
resultado do jogo -
vitória (3), empate (1), derrota (0)
I:
importância do jogo -
Copa do Mundo (4); Copa das Confederações ou principal torneio de cada
confederação (3); eliminatórias para Copa do Mundo ou para os torneios de cada
confederação (2,5); amistosos internacionais (1)
S:
peso da seleção - 1º do
ranking representa 200 e assim sucessivamente até a posição 150º (50) e todas
as seleções abaixo também 50
C:
peso do continente -
Europa/América do Sul (1); América do Norte, Central e Caribe (0,88);
Ásia/África (0,86); Oceania (0,85).
Brasil
Vamos, então, a um exemplo
com a Seleção Brasileira. Vencer a Zâmbia por 2 a 0, no dia 15 de outubro,
valeu: 3 (R - vitória) x 1 (I - amistoso) x 129 (S - 200 - 71, posição da
Zâmbia) x 0,86 (C - seleção da África) = 332,82 (P). O Brasil, em outubro,
ficou na 11ª posição, com 1.078 pontos, caindo três posições em relação a
setembro.
P = 3 x 1 x 129 x 0,86 - 332,82
Logicamente, somar
332,82 contra Zâmbia contribuiu para a queda brasileira, já que o ranking leva
em conta a pontuação média. A propósito, se não se levassem em consideração os
amistosos, o Brasil seria o segundo do ranking - 2.012 pontos - atrás apenas da
Espanha.
Holanda e Itália
Conhecendo melhor como
funciona o ranking da Fifa, passamos a ver como é importante que cada Federação
nacional saiba escolher os amistosos que sua seleção disputará. Bem como os
treinadores devem mostrar aos jogadores que, mesmo sendo amistoso, eles devem
se empenhar ao máximo, pois cada jogo conta para o ranking, que, no fim de um
ciclo de Copa do Mundo, poderá ser determinante para a definição dos
cabeças-de-chave do sorteio dos grupos do Mundial.
Holanda
Atual vice-campeã
mundial, a Holanda ocupou o oitavo lugar no ranking da Fifa, ficando de fora do
pote 1 porque o Brasil, país-sede, foi o 11º e era, obrigatoriamente, um dos
cabeças-de-chave. Na Holanda, muitos torcedores culpam o empate com a Estônia,
quando a seleção já estava garantida no Mundial, como responsável pela exclusão
da Laranja do pote 1. Mas se recuarmos até junho, encontraremos dois amistosos
que ajudam a compreender porque a Holanda ficou uma posição atrás da Suíça.
Em junho, a Holanda
enfrentou China (93º) e Indonésia (162º). Os holandeses venceram,
respectivamente, por 2 a 0 e 3 a 0. Porém, somaram apenas 276,06 e 129 pontos.
Dois amistosos que, certamente, renderam bons contratos para a Federação
Holandesa, porém foram determinantes para que a Holanda não fosse uma
cabeça-de-chave da Copa do Mundo e, assim, corra o risco de ficar em um grupo
da morte.
Itália
Falou-se bastante que
o empate com a Armênia nas Eliminatórias teria custado aos italianos a vaga no
pote 1. Porém, amistosos com Haiti e San Marino minaram a pontuação média da
Itália. Empatar em 1 a 1 com o Haiti, 73º no ranking, rendeu míseros 109,22 pontos à Azzurra. Não fossem
esses amistosos, e a Itália teria cerca 1.160 pontos e ficaria à frente da
Suíça no ranking de outubro.
Como seria o ranking sem amistosos?
Abaixo, apresento dois
rankings. O de outubro, com os amistosos, e como ficaria a lista sem as
partidas amistosas. Holanda, Itália e Chile seriam cabeças-de-chave, enquanto
Suíça, Uruguai e Colômbia ficariam de fora do seleto grupo.
Ranking de outubro
1. Espanha 1.513
2. Alemanha 1.311
3. Argentina 1.266
4. Colômbia 1.178
5. Bélgica 1.175
6. Uruguai 1.164
7. Suíça 1.138
8. Holanda 1.136
9. Itália 1.136
10. Inglaterra 1.080
Ranking sem amistosos
1. Espanha 2.127
2. Brasil 2.012
3. Alemanha 1.902
4. Argentina 1.727
5. Holanda 1.652
6. Itália 1.641
7. Bélgica 1.590
8. Chile 1.577
9. Suíça 1.471
10. Uruguai 1.433
Confesso que não sabia de todos esses detalhes, especialmente no que se refere ao ranking e sua determinação nos pontos, muito bom.
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