Em dezembro de 2010, a CBF unificou os
títulos do futebol brasileiro, reconhecendo os campeões da Taça Brasil e do
Robertão/Taça de Prata como campeões brasileiros.
O tema é, até hoje, polêmico e gera
muita controvérsia entre dirigentes, jornalistas esportivos e torcedores.
Antes de passar à fundamentação da
unificação dos títulos, antecipo a minha posição: sempre fui favorável à
unificação dos títulos nacionais; o devido reconhecimento dos campeões dos
torneios nacionais como campeões brasileiros assim como os campeões a partir de
1971.
Inclusive, sempre questionei por qual
motivo a CBD, ao criar o “Campeonato Nacional de Clubes” em 1971, não
oficializou, naquela altura, que a Taça Brasil e, depois, a Taça de Prata eram
os campeonatos nacionais e que aquele torneio surgido em 1971 era
uma mera continuidade da principal competição de clubes do país. Teria sido
muito mais simples.
A CBF também poderia ter simplificado.
A partir do momento em que a CBF substituiu a CBD e assumiu, então, a
responsabilidade pelo futebol brasileiro, tendo, também, assumido as glórias da
seleção brasileira da CBD (três títulos da Copa do Mundo, por exemplo), a CBF
bem que poderia ter oficializado a unificação dos títulos dos torneios pré-1971
com os pós-1971.
Mas todos nós sabemos que
simplificação, objetividade e, muitas vezes (ou seria na maioria das vezes?),
lógica não imperam nas decisões dos nossos dirigentes de futebol. E esta é uma
característica que acompanha o futebol nacional ao longo de sua existência.
Em suma, acho que a decisão da
entidade máxima do futebol brasileiro pode ser considerada como “mais vale
tarde do que nunca”. Ou seja, finalmente a CBF fez aquilo que já deveria ter
sido feito há muitos anos. E, mesmo que com ressalvas, a decisão da CBF foi no
mesmo sentido daquilo que eu sempre defendi.
Taça
Brasil
A Taça Brasil foi criada em 1959 pela
CBD, então responsável pelo futebol brasileiro. Foi o primeiro torneio a nível
nacional do país, com um objetivo claro: apontar o representante brasileiro na Copa
Libertadores da América.
Portanto, a Taça Brasil era o
principal campeonato de clubes do país e o seu campeão representava o futebol
brasileiro na principal competição interclubes da América do Sul. O campeão da
Taça Brasil era o “campeão do Brasil”.
Ante o exposto, onde está a enorme
dificuldade em reconhecer o campeão da Taça Brasil como campeão brasileiro?
O campeão brasileiro não é aquele que
ganha o torneio nacional mais importante?
E o que era a Taça Brasil senão o
torneio nacional mais importante?
Alguns críticos dizem que a Taça
Brasil é “irmã mais velha da Copa do Brasil” e, portanto, não poderia ser
reconhecida como campeonato brasileiro.
Taça
Brasil x Copa do Brasil
O que nós temos que observar sempre é
a importância e a finalidade das competições em análise.
Não é correto afirmar que a Taça
Brasil é a antecessora da Copa do Brasil, ao invés de ser sucessora do
Campeonato Brasileiro. Passo a explicar.
A Copa do Brasil, ao contrário da Taça
Brasil, nunca foi o principal torneio de clubes do país. Deste fato inequívoco,
é possível tirarmos duas conclusões:
Importância: a Taça Brasil era o torneio mais importante
do futebol brasileiro; enquanto que a Copa do Brasil, desde o seu surgimento,
sempre foi o segundo torneio nacional em hierarquia (ou seja, abaixo do
Campeonato Brasileiro).
Finalidade: a Taça Brasil surgiu para apontar o campeão
do Brasil, que, como tal, seria o representante do país na Libertadores da
América; a Copa do Brasil, por sua vez, surgiu com a finalidade ser a segunda
competição do cenário nacional, assim como as copas nacionais na Europa, que
não se confundem com os campeonatos/ligas – o fato de a Copa do Brasil conceder
vaga na Libertadores não a torna a competição mais importante do país, pois o
Campeonato Brasileiro nunca o deixou de ser.
Tostão escreveu, em 2010 – “Sinto-me campeão do Brasil
desde 1966, quando o Cruzeiro ganhou a Taça Brasil, já que era o mais
importante título nacional”.
Embora
o genial Tostão tenhas se mostrado publicamente indiferente à unificação dos
títulos, ele mesmo fornece um argumento para que haja tal reconhecimento –
“sinto-me campeão do Brasil”.
Alguém
sabe dizer quem é o campeão do Brasil? O campeão do Campeonato Brasileiro ou o
campeão da Copa do Brasil?
Pois
é. É o campeão do Campeonato Brasileiro.
O
mesmo raciocínio deve ser feito em relação ao “era o mais importante título
nacional”.
Alguém
diz qual é o mais importante título nacional? O do Campeonato Brasileiro ou o
da Copa do Brasil?
Novamente,
não restam dúvidas, o mais importante é o do Campeonato Brasileiro.
Havia
algum título nacional mais importante que o da Taça Brasil?
Não.
O
campeão da Taça Brasil era o campeão do Brasil?
Sim.
Acredito
que não restam dúvidas de que é impossível confundir a Taça Brasil com a Copa
do Brasil.
São
torneios diferentes, pois tinham/têm finalidades e importâncias completamente
diferentes, sendo, reitero, impossível serem confundidas.
Diante
disto, afirmamos que a Taça Brasil é sim uma antecessora do Campeonato
Brasileiro.
Roberto Gomes Pedrosa / Robertão /
Taça de Prata
Ao
contrário da Taça Brasil, cuja unificação eu aceito com tranquilidade e
naturalidade, em relação ao Robertão, tenho algumas ressalvas.
A
primeira é a abrangência da competição.
A
Taça Brasil reunia os campeões de todos os estados brasileiros e, por isso,
tinha uma verdadeira abrangência nacional.
O
Robertão, por sua vez, foi uma ampliação do torneio Rio-São Paulo.
Em
sua primeira edição, organizada em 1967, a competição teve representantes de
apenas cinco estados: Guanabara, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e
Paraná. Era um “Rio-São Paulo” misturado com “Sul-Minas” e organizado pelas
federações carioca e paulista.
Honestamente,
tenho enormes restrições a aceitar um torneio com estas características como um
“campeonato brasileiro”. Primeiro por não ter sido organizado pela CBD,
entidade máxima do futebol nacional na altura; segundo por ter abrangência
restrita a Rio-São Paulo-Sul-Minas.
Para
mim, apenas a Taça Brasil de 1967 deveria ter sido reconhecida como antecessora
do Campeonato Brasileiro e, desta forma, o Palmeiras ter apenas reconhecido um
título em 1967 (o da Taça Brasil) e não os dois (Taça Brasil e Robertão), como
fez a CBF.
Em
1968 a CBD passou a organizar a competição, que ficou conhecida por Taça de
Prata. A sua abrangência foi ampliada para sete estados, tendo sido convidados
clubes da Bahia e Pernambuco.
Como
a Taça Brasil teve sua última edição em 1968 e era muito mais ampla em
abrangência que a Taça de Prata, eu continuo a entender que, neste ano, apenas
o campeão da Taça Brasil – Botafogo – deveria ser reconhecido como “campeão
brasileiro” e não os dois campeões – Taça Brasil (Botafogo) e Taça de Prata
(Santos).
Com
relação a 1969 e 1970, uma vez que a Taça Brasil fora extinta e embora a Taça
de Prata continuasse a ter representantes de apenas sete estados, por essa última
ser a única competição nacional de clubes, eu já entendo que é possível e
aceitável a unificação dos títulos destas duas edições. Nesse caso, vejo com
naturalidade Palmeiras e Fluminense como campeões brasileiros.
Logo,
em relação à unificação, a minha posição sempre foi: reconhecer os títulos da
Taça Brasil de 1959 a 1968 e da Taça de Prata de 1969 e 1970 como de “campeões
brasileiros”, compreendendo estes torneios como antecessores do Campeonato
Brasileiro (este sendo uma continuidade daqueles).
Entretanto,
creio que a CBF tenha optado pelo caminho mais fácil, ou seja, unificar tudo,
para não ter o trabalho de explicar as especificidades de cada competição.
Alguns argumentos daqueles que são
contrários à unificação
Aqueles
que são contrários à unificação dos títulos, por vezes, recorrem a alguns
argumentos que são muito simples de serem rebatidos, senão vejamos.
“O nome da competição” – O
importante não é o nome, mas sim a importância e a finalidade da competição,
como já foi dito anteriormente. Ademais, em relação ao nome, e, ao contrário do
que alguns podem pensar, o próprio “Campeonato Brasileiro” já teve várias
denominações ao longo de sua existência:
1971
a 1974 – Campeonato Nacional de Clubes
1975
a 1980 – Copa Brasil
1981
a 1983 – Taça de Ouro
1984
– Copa Brasil
1985
– Taça de Ouro
1986
– Copa Brasil
1988
– Copa União*
1989
– Campeonato Brasileiro
1990
a 1999 – Campeonato Brasileiro Série A
2000
– Copa João Havelange
2001
– Campeonato Brasileiro
2002
– Campeonato Brasileiro Série A
*Em
1987 também se chamava Copa União, mas este não é considerado oficial pela CBF
(questão abordada em Campeão Brasileiro de 1987).
“A fórmula da competição
não é a mesma” –
Sinceramente, eu não sei como alguém é capaz de afirmar isso.
Alguém é capaz de numerar
quantas fórmulas (e viradas de mesa pelo meio do caminho) o Campeonato
Brasileiro já conheceu?
A quantidade não saberia
responder de cabeça, mas sei que já tivemos várias fórmulas diferentes do
Campeonato Brasileiro – a mais estável é a dos “pontos corridos”, a partir de
2003.
Ademais, se não bastassem
a enorme instabilidade das fórmulas dos campeonatos, que mudavam constantemente
de uma edição para outra, nós tivemos alguns episódios de mudanças de
regulamentos no decorrer da competição e, claro, as famigeradas “viradas de
mesa”, que eram típicas do nosso futebol.
Mas você já viu alguém
dizer que, por exemplo, o Campeonato Brasileiro de 1993, ganho pelo Palmeiras,
não é legítimo por ser consequência da virada de mesa que beneficiou o Grêmio e
o puxou de volta à primeira divisão? Para não falar do seu regulamento
protecionista e segregacionista, feito para proteger os “grandes”. Alguém diz
que o Brasileiro de 1993 não pode ser considerado como tal?
Mais um exemplo: o
campeonato de 1997 (Vasco campeão) deixou de ser legítimo por ser consequência
da virada de mesa que beneficiou o Fluminense em 1996 e o protegeu de ser
rebaixado à Série B?
O meu ponto é: se um
campeonato que é marcado por edições com regulamentos distintos ao longo do
tempo e também é manchado por viradas de mesa que desrespeitam a ética e o
mérito esportivo, não é questionado em sua legitimidade, por qual razão algumas
pessoas dizem “a Taça Brasil e a Taça de Prata tinham regulamentos diferentes
do Brasileiro”?
Não é possível.
Esse argumento não se
sustenta.
“Número de jogos” – Chegamos a um ponto tão contestado por aqueles que são
contrários, principalmente, ao reconhecimento da Taça Brasil como legitima
antecessora do Campeonato Brasileiro.
Dizem que não é possível
um clube ser campeão brasileiro com tão poucos jogos disputados.
Primeiro, essas pessoas ignoram que os campeonatos
estaduais serviam de qualificação para a Taça Brasil e, por conseguinte,
pode-se considerar os estaduais como uma fase preliminar – tal qual acontece na
Copa do Mundo da FIFA, em que as eliminatórias são consideradas como fases
preliminares.
Todavia, mesmo que
consideremos apenas os jogos da fase Taça Brasil, ignorando os estaduais, esse
argumento não se sustenta.
Odir Cunha, responsável
pelo dossiê que fomentou a decisão da CBF, sempre lembra que o Genoa ganhou
seus dois primeiros campeonatos italianos (1898 e 1899) disputando, em cada
ano, apenas dois jogos. Ninguém na Itália desqualifica as conquistas do Genoa,
que tem, ao todo, nove títulos italianos (o último em 1923/24).
Além disso, Odir Cunha
lembra que o Palmeiras poderia ter sido campeão brasileiro de 1979 disputando
apenas sete jogos. Este campeonato que, lembremos, não contou com a
participação de clubes como Santos, São Paulo e Corinthians (que queriam ter o
direito de entrar na terceira fase da competição, como o Guarani e o Palmeiras).
O Palmeiras foi quarto
colocado do campeonato de 1979 disputando apenas cinco jogos. Sabem quantos
jogos fez o Náutico em 1965 e 1966 para ser terceiro colocado em ambas as
edições da Taça Brasil? Sete e oito jogos, respectivamente.
Ou seja, o Náutico fez
mais jogos nas Taças Brasil de 1965 e 196 do que o Palmeiras no Campeonato
Brasileiro de 1979, para atingirem a mesma fase – semifinal.
O Palmeiras, se tivesse
ido à final do Campeonato Brasileiro de 1979 e se sagrasse campeão, teria realizado
sete jogos. O Náutico, se tivesse ido à final da Taça Brasil de 1965, teria
feito nove ou dez jogos para ser campeão; e se tivesse ido à final de 1966,
teria feito dez ou 11 jogos para ser campeão.
Como se vê, mais uma vez
os argumentos dos que são contrários à unificação dos títulos não se sustentam
ante uma breve análise da realidade dos fatos.
O número de jogos, como
foi visto acima, não é fundamento para não reconhecer a legitimidade da
unificação dos títulos.
“Muitos grandes não participaram da Taça Brasil, enquanto vários
desconhecidos passaram pela competição” – Esse é mais um argumento que visa a menosprezar a Taça Brasil
mais do que o Robertão.
A meu ver, há uma lógica
extremamente reprovável por trás deste argumento: a ideia nada democrática de
que um grande, por ser grande, legitima a competição mais do que o mérito
desportivo previsto em seu regulamento.
E digo que esta ideia não
é democrática, pois a democracia pressupõe o respeito à diversidade e, acima de
tudo, a busca pela isonomia; enquanto que essa visão elitista de que “sem os
grandes não há legitimidade”, combina muito mais com um posicionamento
oligárquico, marcado pela imposição da vontade de um pequeno grupo (de privilegiados)
sobre a vontade da maioria (das agremiações).
Infelizmente, como já
vimos no texto Campeão Brasileiro de 1987, esta visão oligárquica está muito enraizada no
pensamento do futebol brasileiro. Como bem sabemos, oligarquia é diametralmente
oposta à democracia.
Voltando aos participantes
da Taça Brasil, não há por onde se pegar neste argumento preconceituoso para
que ele se justifique e não seja facilmente rebatido (para além da questão
ideológica – democracia vs. oligarquia).
Primeiro, os clubes que
participavam da Taça Brasil eram os campeões estaduais. Todos os campeões
estaduais tinham o direito de disputar o torneio nacional. Não há maior
respeito ao mérito esportivo do que este.
Sei bem que no futebol
brasileiro os grandes clubes, que se fecham em seu pequeno e seleto grupo,
sempre se acharam acima do bem e do mal e, diversas vezes, passaram por cima do
mérito esportivo a fim de tirar benefícios próprios – as viradas de mesa que
marcaram várias edições do Campeonato Brasileiro (o da CBF, que ninguém nunca
questionou a legitimidade, por mais irregulares que fossem seus regulamentos ou
mesmo quando os regulamentos eram rasgados). E é neste sentido que compreendo a
dificuldade que alguns têm de conviver com o devido e merecido reconhecimento
ao mérito esportivo.
Ao contrário de várias
edições do Campeonato Brasileiro da CBF, a Taça Brasil sempre procurou
respeitar aquilo que é mais importante no desporto: o mérito esportivo.
Ademais, se é para entrar
na questão da “qualidade dos participantes”, não se pode deixar de mencionar,
por exemplo, o Campeonato Brasileiro de 1979 e seus 94 participantes, época em
que imperava a velha máxima “onde a Arena vai mal, um clube no Nacional”.
Somente um pensamento preconceituoso
e elitista pode justificar esse argumento de “sem os grandes clubes” ou “vários
clubes desconhecidos”.
Portanto, é mais uma
justificativa que não se sustenta, ante o vazio de seus argumentos.
Forçando a barra
Na altura da unificação
dos títulos nacionais, vimos alguns pedidos . Como o pedido da Portuguesa sobre
o Rio-São Paulo; o desejo do Sport em transformar o Torneio Norte-Nordeste de
1968; e a insistência do Flamengo em relação à Copa União de 1987
- Portuguesa de Desportos e os títulos do Rio-São Paulo de 1952 e
1955
Portuguesa: o clube,
campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1952 e 1955 visava a pleitear junto à CBF o
reconhecimento destes dois títulos como campeonatos brasileiros.
Claro que não faz sentido
algum.
A ideia por trás do pedido
da Lusa era:
1. O Torneio Rio-São Paulo foi, posteriormente, alargado e se
transformou no Robertão
A resposta para esse
argumento é simples: o Rio-São Paulo, antes de ser alargado para Robertão,
apenas visava a apontar o melhor clube entre os dois estados. Jamais objetivou,
e nem podia, apontar o “campeão do Brasil”.
É a tal questão da
finalidade, abordada logo no começo deste texto.
O Torneio Rio-São Paulo,
anterior ao Robertão (não se pode esquecer esta distinção) tinha qual
finalidade?
Reunir os clubes do Rio de
Janeiro e de São Paulo, para apontar, entre os dois, qual tinha o melhor clube.
Era, portanto, um torneio
interestadual. Nunca foi um torneio de amplitude nacional.
Querer transformar isso em
“campeonato brasileiro” é absurdo.
2. O Torneio Rio-São Paulo reunia os melhores clubes do Brasil
Mais uma vez, é a tal
visão prepotente e elitista.
O Brasil é um país
desigual e excludente.
Essa desigualdade também
se reflete em nosso futebol.
Há uma clara e inequívoca
segregação, onde um pequeno e seleto grupo de privilegiados toma conta do poder
(de decisão e, principalmente, econômico) do nosso futebol.
É este pensamento elitista
e segregacionista que se encontra por trás do argumento daqueles que afirmam –
“O Torneio Rio-São Paulo reunia os melhores clubes do Brasil”.
Mas basta um único exemplo
para pôr abaixo a arrogância e prepotência elitista: o primeiro campeão da Taça
Brasil foi o nordestino Bahia.
O primeiro campeão do
Brasil não foi um clube do centro do universo brasileiro, o seleto grupo que se
acha acima de tudo e de todos. Foi um clube do Nordeste, o Esporte Clube Bahia.
Portanto, podemos concluir
que, para além do preconceito e da prepotência, nada mais sustenta o argumento
de que o Torneio Rio-São Paulo possa ser equiparado ao Campeonato Brasileiro.
- Sport Recife e o Torneio Norte-Nordeste de 1968
Na esteira do pedido da
Portuguesa, o Sport tentou se aproveitar da ocasião e transformar seu título do
Norte-Nordeste de 1968 em campeonato brasileiro.
Mais um exemplo de
tentativa de forçar a barra e arriscar o “se colar, colou”.
Para rechaçar esta idéia,
bastava responder à questão: qual era a finalidade do Torneio Norte-Nordeste?
Apontar o Campeão do Brasil ou movimentar o futebol do Norte-Nordeste, em
específico os clubes que da região que estavam de fora da Taça de Prata (o
torneio “nacional”)?
Quem respondeu que era
movimentar o futebol do Norte-Nordeste, acertou. Tanto era assim que o campeão
do certame era conhecido por “campeão do Norte-Nordeste”.
Não resta a menor dúvida
de que a tentativa do Sport, seguindo o pedido da Portuguesa, não fazer o menor
sentido e jamais o Norte-Nordeste poderia ser reconhecido como Campeonato
Brasileiro pela CBF.
- Unificação dos títulos nacionais x Copa União de 1987
Mais uma vez o Flamengo
tentou (e continua tentando) que o título da Copa União de 1987 fosse
reconhecido oficialmente como título de campeão brasileiro.
O Flamengo pensava que a
unificação dos títulos nacionais de 1959 e 1970 era a mesma coisa que
reconhecer o título de 1987, como se se tratassem de fatos idênticos. Logo, se
houvesse a unificação dos títulos, deveria haver, também, o reconhecimento de
1987.
Obviamente que não é
assim.
A começar pelo fato de que
os torneios nacionais de 1959 a 1970 possuem uma realidade completamente
diferente da Copa União de 1987.
A Taça Brasil e,
posteriormente, o Robertão foram organizados pela CBD, na altura o órgão máximo
pelo futebol nacional.
A Copa União de 1987, por sua vez, foi organizada pelo Clube dos Treze,
associação privada, que tem por objetivo a defesa dos interesses
de seus associados.
Para
mim é incontestável que o Sport Recife é o único campeão brasileiro legítimo em
1987. E sobre este tema já escrevi no blog - Campeão Brasileiro de 1987.
Conclusão
Como já foi dito, concordo com a
unificação dos títulos nacionais de 1959 a 1970 com os títulos do “Brasileiro”
de 1971 em diante. Fiz algumas ressalvas em relação ao Robertão/Taça de Prata e
expliquei meu posicionamento, embora compreenda a opção da CBF e concluo que
foi melhor viabilizar a unificação do que andar a discutir exceções.
Com relação a alguns pleitos de outros
clubes, ao que eu chamo de tentativa de “forçar a barra”, expus meu
posicionamento e fundamentei por que motivo não concordo com os pedidos de cada
clube.
Ranking
de Campeões Brasileiros – 1959 a 2016
Palmeiras – 9
Santos – 8
Corinthians – 6
São Paulo – 6
São Paulo – 6
Flamengo – 5
Cruzeiro – 4
Fluminense – 4
Vasco – 4
Fluminense – 4
Vasco – 4
Internacional – 3
Grêmio – 2
Botafogo – 2
Bahia – 2
Atlético-PR – 1
Sport – 1
Coritiba – 1
Guarani – 1
Atlético-MG - 1
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