terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Entenda quais são os critérios e como funciona o ranking de seleções da Fifa

Arte retirada do site ESPN.com.br

A Fifa definiu nesta terça-feira (3) os potes para o sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2014, que será realizado na sexta-feira (6). O pote 1 - o dos cabeças-de-chave - já estava definido desde o começo de novembro, quando a entidade máxima do futebol havia confirmado que levaria em conta o seu ranking de seleções do mês de outubro. Portanto, os sete primeiros colocados mais o país-sede, Brasil (11º na altura), seria os oito componentes do pote 1. Seleções tradicionais como a atual vice-campeã mundial Holanda e a tetracampeã Itália ficaram de fora. Enquanto selecionados menos expressivos como Bélgica, Colômbia e Suíça surgiam no pote de elite. Tal fato fez com que as recorrentes críticas ao ranking da Fifa se intensificassem. Mas, afinal, como funciona esse ranking e quais são os seus critérios?

Primeiro, é preciso esclarecer que a Fifa leva em consideração para o ranking um período que corresponde ao ciclo da Copa do Mundo, que acontece a cada quatro anos. Portanto, somente os resultados dos últimos quatro anos são considerados, com ênfase na pontuação adquirida no último ano. Se uma seleção vence ou empata um jogo, somará pontos. Se perde, logicamente, ganha nada e vê sua pontuação média cair ainda mais.

A Fifa, entretanto, adota critérios para que uma vitória sobre a Zâmbia tenha menos peso do que uma vitória sobre a campeã do Mundo, Espanha. A pontuação varia de acordo com o adversário e a que continente pertence, se se trata de um amistoso, jogo de Eliminatórias (para a Copa do Mundo ou torneio continental), Copa das Confederações ou Copa continental e, por fima, Copa do Mundo.

O líder do ranking, por exemplo, vale 200 pontos e a pontuação vai baixando ponto a ponto até o 150º em diante, que valem todos 50 pontos. Da mesma forma, uma selelção da Europa ou América do Sul valem mais (2,5) e, logicamente, partida de Copa do Mundo é mais valorizada (4), enquanto amistoso tem apenas peso 1. Vitória tem peso 3 e empate peso 1.

Por essa razão, disputar amistosos contra Zâmbia, Bolivia, Chile, Austrália e Honduras - como o Brasil fez em 2013 -, ao mesmo tempo em que não disputou as Eliminatórias por ser país-sede, contribuíram diretamente para a má posição da Seleção Brasileira no ranking. Mas não é apenas o caso do Brasil. Vejamos como funciona o cálculo e mostraremos como seleções tradicionais poderiam ser cabeças-de-chave, bastava não terem disputado certos amistosos.

Cálculo: P = R x I x S x C

P: pontuação no ranking

R: resultado do jogo - vitória (3), empate (1), derrota (0)

I: importância do jogo - Copa do Mundo (4); Copa das Confederações ou principal torneio de cada confederação (3); eliminatórias para Copa do Mundo ou para os torneios de cada confederação (2,5); amistosos internacionais (1)

S: peso da seleção - 1º do ranking representa 200 e assim sucessivamente até a posição 150º (50) e todas as seleções abaixo também 50

C: peso do continente - Europa/América do Sul (1); América do Norte, Central e Caribe (0,88); Ásia/África (0,86); Oceania (0,85).


Brasil
Vamos, então, a um exemplo com a Seleção Brasileira. Vencer a Zâmbia por 2 a 0, no dia 15 de outubro, valeu: 3 (R - vitória) x 1 (I - amistoso) x 129 (S - 200 - 71, posição da Zâmbia) x 0,86 (C - seleção da África) = 332,82 (P). O Brasil, em outubro, ficou na 11ª posição, com 1.078 pontos, caindo três posições em relação a setembro.

P = 3 x 1 x 129 x 0,86 - 332,82

Logicamente, somar 332,82 contra Zâmbia contribuiu para a queda brasileira, já que o ranking leva em conta a pontuação média. A propósito, se não se levassem em consideração os amistosos, o Brasil seria o segundo do ranking - 2.012 pontos - atrás apenas da Espanha.

Holanda e Itália
Conhecendo melhor como funciona o ranking da Fifa, passamos a ver como é importante que cada Federação nacional saiba escolher os amistosos que sua seleção disputará. Bem como os treinadores devem mostrar aos jogadores que, mesmo sendo amistoso, eles devem se empenhar ao máximo, pois cada jogo conta para o ranking, que, no fim de um ciclo de Copa do Mundo, poderá ser determinante para a definição dos cabeças-de-chave do sorteio dos grupos do Mundial.

Holanda

Atual vice-campeã mundial, a Holanda ocupou o oitavo lugar no ranking da Fifa, ficando de fora do pote 1 porque o Brasil, país-sede, foi o 11º e era, obrigatoriamente, um dos cabeças-de-chave. Na Holanda, muitos torcedores culpam o empate com a Estônia, quando a seleção já estava garantida no Mundial, como responsável pela exclusão da Laranja do pote 1. Mas se recuarmos até junho, encontraremos dois amistosos que ajudam a compreender porque a Holanda ficou uma posição atrás da Suíça.

Em junho, a Holanda enfrentou China (93º) e Indonésia (162º). Os holandeses venceram, respectivamente, por 2 a 0 e 3 a 0. Porém, somaram apenas 276,06 e 129 pontos. Dois amistosos que, certamente, renderam bons contratos para a Federação Holandesa, porém foram determinantes para que a Holanda não fosse uma cabeça-de-chave da Copa do Mundo e, assim, corra o risco de ficar em um grupo da morte.

Itália

Falou-se bastante que o empate com a Armênia nas Eliminatórias teria custado aos italianos a vaga no pote 1. Porém, amistosos com Haiti e San Marino minaram a pontuação média da Itália. Empatar em 1 a 1 com o Haiti, 73º no ranking, rendeu míseros 109,22 pontos à Azzurra. Não fossem esses amistosos, e a Itália teria cerca 1.160 pontos e ficaria à frente da Suíça no ranking de outubro.

Como seria o ranking sem amistosos? 
Abaixo, apresento dois rankings. O de outubro, com os amistosos, e como ficaria a lista sem as partidas amistosas. Holanda, Itália e Chile seriam cabeças-de-chave, enquanto Suíça, Uruguai e Colômbia ficariam de fora do seleto grupo.

Ranking de outubro
1. Espanha 1.513
2. Alemanha 1.311
3. Argentina 1.266
4. Colômbia 1.178
5. Bélgica 1.175
6. Uruguai 1.164
7. Suíça 1.138
8. Holanda 1.136
9. Itália 1.136
10. Inglaterra 1.080

Ranking sem amistosos
1. Espanha 2.127
2. Brasil 2.012
3. Alemanha 1.902
4. Argentina 1.727
5. Holanda 1.652
6. Itália 1.641
7. Bélgica 1.590
8. Chile 1.577
9. Suíça 1.471

10. Uruguai 1.433

Um comentário:

  1. Confesso que não sabia de todos esses detalhes, especialmente no que se refere ao ranking e sua determinação nos pontos, muito bom.

    ResponderExcluir