segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Portugal chora de saudade


A perda de Eusébio, um dos maiores futebolistas de todos os tempos, teve o merecido destaque na edição de hoje do Superesportes. Difícil resumir em tão poucas linhas uma trajetória tão brilhante como a do Pantera Negra. Mas foi assim que prestei minha homenagem a este gênio do futebol.

Portugal perdeu, na madrugada de ontem, um de seus maiores ídolos. Eusébio Ferreira da Silva morreu em sua casa, aos 71 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Mais do que um astro do futebol ou ícone do clube que defendeu por 15 anos - Benfica -, o Pantera Negra era um símbolo do sentimento de orgulho de dois povos. Portugueses e africanos se orgulhavam daquele que era um dos seus mais nobres filhos.

Existe uma palavra exclusiva da língua portuguesa que define, com perfeição, o sentimento de melancolia gerado pela ausência ou desaparecimento de pessoas queridas. Saudade. Fernando Pessoa certa vez escreveu, “ó mar salgado quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal”. A partir de 5 de janeiro de 2014, certamente, parte do sal das águas do Atlântico que banham as terras lusitanas serão lágrimas de um país que chora a perda de uma personalidade que se perpetuará na eternidade.

Pantera Negra, Pérola Negra ou, simplesmente, O Rei, Eusébio se tornou mito ainda em vida. Seu símbolo transcendia às rivalidades clubísticas, sendo admirado por todos os portugueses. E, como lamentou o presidente do Benfica, Luís Felipe Vieira, “os mitos nunca deviam partir.”

A dura infância
Eusébio nasceu no dia 25 de janeiro de 1942, na cidade de Lourenço Marques (atual Maputo), em Moçambique. Filho do pobre bairro de Mafalala, da então capital provincial da África Oriental Portuguesa, Eusébio teve uma infância difícil. Aos oito anos, perdeu o pai, vítima de tétano. O futebol foi uma paixão desde cedo. O jovem Pantera Negra dava trabalho a sua mãe, Anissabeni Elisa, faltando aulas para jogar peladas com bolas improvisadas em campos não menos improvisados na periferia da província. Mas, foi através do futebol que o maior jogador nascido no continente africano de todos os tempos conseguiu romper as barreiras impostas pela pobreza até atingir o estrelato mundial.

Rejeitado pelo clube O Desportivo devido a um problema no joelho - que o acompanhou ao longo de toda a carreira -, Eusébio deu seus primeiros passos na carreira em 1957, no Sporting de Lourenço Marques, filial moçambicana do Sporting de Lisboa. Sua paixão pelo esporte e o desejo por se tornar jogador profissional fizeram com que ultrapassasse o clubismo - sempre foi torcedor do Benfica - e vestisse com afinco a camisa verde e branca. Seu talento logo chamou a atenção e sua contratação foi alvo de disputa acirrada entre os rivais lisboetas em dezembro de 1960, quando se transferiu para o Benfica.

O auge no Benfica
Foi com a camisa encarnada que Eusébio escreveu as mais douradas linhas de sua história. Na estreia pelo Benfica, em maio de 1961, marcou três gols. Foram os primeiros dos 638 que assinalou em 614 partidas oficiais. Veloz, habilidoso e dono de um canhão no pé direito, o Pantera Negra conquistou com os encarnados, em 15 temporadas, 11 campeonatos portugueses, uma Liga dos Campeões da Europa e cinco Copas de Portugal. Foi, em 1968, o primeiro vencedor da chuteira de ouro da UEFA/France Football, feito que repetiu em 1973.

Mito na seleção
Como Moçambique era colônia de Portugal, Eusébio tinha nacionalidade portuguesa. Pela seleção das quinas cravou seu nome, de forma definitiva, na história do futebol na Copa do Mundo de 1966. Em uma época em que a seleção portuguesa era inexpressiva, o atacante comandou a equipe em sua melhor campanha de todos os tempos, conquistando o terceiro lugar na ocasião. Dentre os jogos inesquecíveis, impossível não citar a virada sobre a Coreia do Norte. Perdendo, aos 25 minutos, por 3 a 0, Eusébio marcou quatro gols, levando Portugal à vitória por 5 a 3 e à semifinal do Mundial, do qual foi artilheiro com nove gols.

DEPOIMENTOS

“Eusébio já tinha ganho em vida a sua condição de mito e por isso é que a notícia do seu desaparecimento mais choca, porque os mitos nunca deviam partir”, Luís Felipe Vieira, presidente do Benfica.

“Eusébio conseguiu romper o isolamento a que Portugal se tinha condenado nos anos 60”, António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

“O futebol português está de luto, morreu um dos maiores símbolos da modalidade. O maior jogador português da sua geração e sobretudo um grande ser humano. É um dia triste para o futebol português”, Pinto da Costa, presidente do Porto.

“Sempre eterno Eusébio, descansa em paz”, Cristiano Ronaldo.

NÚMEROS

Total

745
jogos oficiais

733
gols

Benfica

614
jogos oficiais

638
gols

Seleção portuguesa

64
jogos

41
gols

Títulos

1
liga dos campeões

11
campeonatos portugueses

5
copas de portugal

Prêmios individuais

7
vezes artilheiro do Português

2
chuteiras de ouro (UEFA/France Football)

3
vezes artilheiro da Liga dos Campeões

1

vez artilheiro da Copa do Mundo (1966)

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